Mestre G apaixonou-se perdidamente por Nazaré. Exigia a presença
dela três vezes na semana, além das chamadas ocasionais, sempre alegando a
enorme quantidade de clientes e compromissos. Quando ela chegava, ele sempre
dava um jeitinho de ficar sozinho com ela, gostava de entretê-la, contava
histórias engraçadas, tocava violão e cantava.
A crioula, muitas vezes não entendia as coisas que ele falava
sobre anjos e esoterismo, mas gostava do Mestre G, o achava divertido e meio
'bicha', com aquela roupa comprida e o rabo de cavalo que ele gostava de usar.
Às vezes, ela ia para a cozinha e fazia bolo, cocada ou arroz doce para vê-lo se
desmanchar em elogios que a desconcertavam e envaideciam.
O Mestre G sempre dava um dinheirinho a mais quando a chamava fora
do horário combinado e ela sempre aceitava o agrado.
Gervásio, na verdade, fazia tudo para conquistar a crioula, sabia
que era questão de tempo e enquanto não atingia seu objetivo, divertia-se com as
branquinhas, amarelas, morenas e pretinhas que passavam por seu consultório.
Uma emissora de televisão de grande destaque convidou-o para fazer
um programa diário, às seis horas da manhã, foi através desse programa que ele
atingiu o reconhecimento e a notoriedade.
Foi através desse programa que Zoião, o marido de Nazaré, conheceu
o Mestre G.
José Aluízio Alípio era de cor branca, tinha um corpo magro, o
rosto macilento e comprido, boca fina e olhos esbugalhados. Era feio, mas
dançava como ninguém e foi passista da escola de samba, onde Nazaré era a
madrinha.
Zoião era um malandro de carteirinha. Vivia de pequenos golpes e
como tinha ojeriza de pegar no pesado até na malandragem, cuidava muito bem do
seu tesouro, o estipêndio proveniente do trabalho de Nazaré.